Entenda um pouco da dieta dos lutadores
Uma dieta balanceada é fundamental para a adequação da composição corporal e para a melhora da performance em qualquer esporte. Em lutas, sabe-se que o peso corpóreo é fator determinante para a classificação dos atletas em competições.
Apesar das advertências de órgãos como o American College of Sports Medicine um número considerável de atletas adota condutas mais radicais para perda ponderal rápida de peso. Entre essas estratégias estão, a restrição calórica severa, ingestão de diuréticos, longa exposição a ambientes quentes utilizando roupas plásticas, indução de vômitos, ou mesmo uso de supressores de apetite. Vários estudos demonstram que a prática desses métodos podem prejudicar o rendimento durante a competição. Os principais efeitos resultam em alterações da concentração de alguns hormônios (como GH e a testosterona), diminuição do fluxo sanguíneo renal e do volume de filtração glomerular, aumento da perda de eletrólitos, diminuição da atividade do sistema imunológico e diminuição da resistência à infecção.
Logo, a melhor estratégia é o atleta manter seu peso sempre próximo do peso desejável nas competições. Um erro frequente cometido pelos atletas é treinar a temporada inteira acima do peso e deixar para emagrecer nas vésperas do período de competição. O método mais recomendado para redução de peso é a diminuição gradual de calorias, com oferta de até 70% de carboidratos, para que os atletas permaneçam dentro da categoria nos eventos de pesagem, mantenham os estoques adequados de glicogênio e não tenham comprometimento da performance. É recomendado que somente a porcentagem de gordura seja reduzida,para garantir que a perda será primariamente proveniente de tecido adiposo e não de massa muscular. Para alcançar este objetivo é recomendada a redução da ingestão calórica, optando-se por alimentos com baixa densidade energética. A redução de 10% a 20% na ingestão calórica total promove redução na gordura corporal sem induzir a fome ou fadiga, como ocorre com dietas de muito baixo valor calórico e pobres em gordura.
Além da preocupação com o peso corporal, os atletas de luta devem ter rígido controle do percentual de gordura corporal. As estratégias que fazem o atleta ganhar peso para subir para a categoria superior podem muitas vezes resultar em aumento de gordura corporal, o que os torna lentos para golpear os adversários. Para que a saúde do atleta não seja colocada em risco, as mudanças de peso devem ser graduais, em períodos anteriores aos torneios e grandes competições. O ganho de peso pode ser realizado pela incorporação de energia adicional na dieta (500 a 1000kcal/dia) em conjunto com o aumento na duração do treinamento, para promover o desenvolvimento do tecido muscular.
ANTES DO TREINO:
As diferentes modalidades de luta utilizam como fonte de energia predominantemente os sistemas anaeróbios: ATP-CP (creatina fosfato) e glicogênio muscular (carboidrato armazenado no músculo), o que justifica a necessidade de se manter elevada a ingestão de carboidratos.
A refeição que antecede o treino deve ser feita, no mínimo, meia hora antes dos treinos e deve ter liquido suficiente para manter o volume sangüíneo e minimizar a desidratação, ser moderada em proteínas, pobre em gorduras (pois são de difícil digestão) e rica em carboidratos para manter a glicose sangüínea (glicemia) e maximizar os estoques de glicogênio muscular (reserva de carboidrato estocado em nosso organismo). Por exemplo: frutas, sucos de frutas, pães integrais, biscoitos sem recheio, suplementos de carboidrato.
Sugestão MIDWAY:
DURANTE O TREINO:
Durante o treino, deve-se consumir carboidratos com o objetivo de manter a glicemia (glicose sanguínea). Já que é nesse período que o músculo apresenta maior capacidade de captar e utilizar a glicose do sangue para produzir energia.
Porém, deve-se levar em conta que o consumo de carboidratos durante o treino não é necessário em todos os casos, sendo seu uso mais comum por indivíduos cujo treinamento dura mais de uma hora ou que a intensidade do treinamento seja muito alta. Caso seja necessária a ingestão de carboidratos durante o treino, é recomendada a ingestão de 30 – 60g de carboidrato por hora de treinamento, normalmente através dos suplementos de carboidrato (maltodextrina e dextrose) ou bebidas isotônicas. E água sempre!
Sugestão MIDWAY:
APÓS O TREINO:
Essa refeição é fundamental para atletas de luta¸ visto que estes indivíduos muitas vezes dividem seus treinamentos em duas etapas durante o dia¸ e caso não tenham garantido uma boa recuperação¸ a performance no segundo treino do dia será prejudicada.
A ingestão de proteínas após o treino é importante para que o corpo tenha material suficiente para reconstruir as fibras musculares que foram lesionadas no exercício. No entanto, para que a proteína seja utilizada de modo eficiente em sua função construtora, é importante a ingestão de carboidratos nesta refeição. Além disso, o carboidrato será utilizado para a ressíntese de glicogênio muscular – principal fonte de energia utilizada pelo seu corpo durante o treino de luta. Os estudos informam que a ingestão de carboidrato e proteína pós-treino deve ser em uma proporção de 3:1 ou 4:1.
Sugestão MIDWAY:
Dra. Allana Cardelino
CRN 7298 DF
REFERÊNCIAS:
CHAGAS, Carlos Eduardo, RIBEIRO, Sandra Maria. Avaliação de uma intervenção nutricional convencional em atletas de luta. Brazilian Journal of Sports Nutrition. Vol. 1, No. 1, Março, 2012, 1–9.
DALQUANO, Elen Cristina. Avaliação nutricional e da composição corporal de atletas brasileiros de luta olímpica durante a competição. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.
Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Suplemento – Rev Bras Med Esporte – Vol. 15, No 2 – Mar/Abr, 2009.